quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Quem ensinou?

Quem ensinou as crianças a abrirem a bolacha recheada e a raspar com os dentes o recheio? E aqueles maiorzinhos, em torno de dez anos, como aprenderam a jogar truco em ônibus lotado na volta da aula?
São duas de várias situações em que se pode acreditar que aprende-se sozinho, com os outros, só de olhar, ou pela própria iniciativa dos interessados. A menos que algum professor de matemática tenha ensinado o jogo de cartas, o que não é muito comum, a criançada vai aprendendo como tudo que lhe cerca, com a turminha.
A agilidade num computador então é covardia, para as crianças destes tempos. Já dizia Freinet que não devemos, como professores e acrescento os pais, atrapalhar a aprendizagem inata da criança.
Se a escola estimular a curiosidade, adotando comportamento liberal de não cercear brincadeiras espontâneas o tempo todo, desde que não haja violência entre eles, o desenvolvimento acelera. Como gatinhos e cachorrinhos que simulam que estão brigando com os maninhos numa espécie de capoeira de angola animal. Aprendem brincando, nós também.
Pobres crianças isoladas, que não brincam com os da mesma idade, trancadas num mundinho de apartamento, tv e videogame. Não aprendera construir com os outros, a ser tolerante, parceiro, amigo.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

A clareza

A clareza de pensamento pode levar à estupidez. Já sei de tudo, antevejo como um bom enxadrista as jogadas que virão a seguir. E aí levo ferro se acho que está tudo determinado, pois a novidade sempre vem. um ponto claro que nos cega de tanto brilhar insistentemente no mesmo local. A presunção e arrogância são essa luz, que nos faz avançar e retroceder, não sei se ao mesmo tempo, as vezes sim outras não.
Assim é a clareza, inimiga do conhecimento da realidade do jeito que ela é. Seus felizes proprietários, porque este estado de espírito é um dom que apenas de administração, precisam combater essas idéias luminosas de alguma forma. Não me pergunte como.
O melhor é sempre desconfiar das suas certezas, e eu acho que já sabia disso mas esqueci.
Temos que tentar, caso contrário, caos e perdição. Se coragem não falta, falta o quê?
voltar a se importar com as pessoas. É isso.

domingo, 22 de novembro de 2009

futebol,rádio e domingo

A bola rola com a rapidez
da língua que corre pelas ondas do radio,
sempre atrasada na jogada
Inventa, continua quando a bola para,
assim vai o locutor
Afoito como maquinista de linha atrasada
É gooool, como diria Quintana,
foguetório de assustar a cachorrada da cidade

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A origem de todos os mitos

O ser humano não suporta o silêncio que reina sobre as perguntas de onde viemos e para onde vamos. Melhor inventar uma resposta que calar.
Acredito que foi assim, nos primórdios da humanidade, que surgiram todas as lendas: a inocência das crianças, de olhos arregalados, diante da morte de algum ente querido. Por quê se morre? Por que se vive? De onde viemos, afinal?
Sem saber, os ancião se reuniram a beira do fogo e combinaram o mito da criação, por Deus, ou deuses, quem sabe pelo caos grego.
E então as religiões, costumes e ideologias foram sendo construídas sobre a história combinada. E ninguém mais teve a angústia de dúvidas sem soluções.
Os povos mais espertos não se deixaram limitar pelas invenções dos velhinhos, e os mais estúpidos acreditam literalmente em toda a tradição oral e escrita que receberam.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

sem choro nem vela

por que eu sou assim? o que me move? o que devo fazer? ir ou ficar? suportar ou fugir? amar ou odiar? para que tanta pergunta se o sol brilha lá fora e as necessidades básicas ainda estão atendidas?

Sei lá, sei lá

sábado, 14 de novembro de 2009

Nova fase

Hoje, sábado, 14 de novembro, minha cunhada fez a mudança dela, deixando o quarto onde me apertava para ir ao computador vazio. Pequeno, a peça ficou dando reverberação de tão vazio, sem cama, guarda-roupa, balcão e um monte de tralha.
Vamos entrando numa nova fase de vida, sem a divisão do espaço. Minha afilhada vai ficar aqui e lá, conforme calhar.
Tomara que as relações progridam, em vez de degenerarem novamente. Veremo em que vai dar. A maior preocupação é com o bem estar da Luisinha, pois os pais são muito distraídos, inclusive para lembrar o horário do remédio para micose.
Mas vamos sobreviver, e mesmo discordando temos de admitir que todos tem direito a errar e acertar. Problema é repetir erro

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Velho escriba para tempos pós-modernos

Desde o início da organização da humanidade em sociedade, os escribas sempre foram figuras de destaque na hierarquia social. Por meio destes profissionais do pergaminho, da pena de ganso e outros artefatos de escrita, o povo recebia normas, leis e decisões dos soberanos. Toda a administração podia depender deles para contar, arquivar, registrar e publicar textos.

Em tempos de Internet, quem são os novos escribas? Na era do copia e cola, os velhos profissionais das letras são justamente aqueles de quem são cobrados textos inéditos. Você pode até se basear em 90% de um original na elaboração de um texto, como no caso de um contrato, mas tem de ser original em alguma parte para atender as peculiaridades da demanda em questão.

Então os letrados que escrevem com alguma originalidade são os escribas atuais. Advogados, jornalistas, autores, são algumas das profissões que remetem à velha função. A diferença atual é que você pode ser processado pelo que foi publicado, ao contrário da antiguidade, onde não havia contestações ao texto anunciado em nome do rei ou do faraó.

Nem tudo mudou muito nesse mundo, as coisas se repetem muitas vezes. Assim falou Luciano.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O incrível comportamento infantil

O comportamento infantil varia da água para o vinho, anjinhos que sem avisar cometem diabruras. É normal, o conceito de bem e mal ainda não se formou nas pequenas mentes, e eles estão explorando este mundo que recém começam a tomar dimensão.
Cada vez mais me convenço de que não é preciso violência física para impor os limites do pode e não pode. Pode ter certeza, que chinelada ou uso de cinto não são a solução. Mas como fazer?
Tenho o convívio com muitos pequenos de no máximo quatro anos de idade. E para estas, minha mulher, pedagoga, usa a psicologia da Super Nanny. Incomodou? Vai para o cantinho do pensamento. Mas se for na primeira vez e a criança não ficar no "castigo"?
Basta ter paciência, e usar a força para conter a criança sentada, sem palmadas ou violência. É a paciência e a força para que ela seja colocada sentada novamente ao levantar. Deve-se falar de forma enérgica, com a voz que tem está bravo. E para-se por aí. Em muitas famílias ocorre o inverso, os pais tentam acalmar a criança fazendo suas vontades, em várias tentativas. Quando a paciência do adulto acaba, ele então resolve tudo com uma chinelada ou um tapa, numa medida violenta que é consequencia de não ter se imposto antes frente aos pedidos e choramingações dos pequenos.
Quando a criança faz a coisa certa, deve ganhar elogio, de que está muito bem comportada. Assim a criançada vai assimilando que fazer o que é permitido, ganha parabéns, caso contrário, vai para o canto em punição pelo mau comportamento.
Nesse ponto a supernanny deveria frisar mais que bom comportamento merece elogio, estímulo básico que vai ser repetido. Nesse ritmo os pequenos não perdem a auto-estima, não odeiam a mão que pesou sobre ela, e desenvolvem-se com mais felicidade.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Verão chegando

Sem dúvida o tempo esquentou em Florianópolis, hoje já deu para sentir a diferença entre o inverno e o verão. O tão inacansável mar, pelo vento, pelo frio, estará de volta ao nosso convívio nesse feriadão de finados, onde os vivos devem curtir uma areia, um mergulho, um camarão e muita cerveja.
E não é que amanhã entra uma grana?, que não resolve mas me deixa otimista. Sei que o bicho ainda não pegou mas está prometendo me pegar logo ali em frente.
Com tanta criança em casa, ajudo um pouco, apesar de dizerem que mais atrapalho que colaboro. Tudo bem. Amanhã é sexta, e sou acusado de só pensar no aqui agora. Engraçado, me sinto bem assim, sem grandes planos.
Caminho, estou mais light em todos os excessos, e não me sinto deprimido, como queiram alguns.
To fazendo um biquinho em um site, mas não sei se vai dar liga. Tudo muito complicado, eu sei como é isso. Vejo muita gente bem na vida, mas se são completas, não sei, no fundo ninguém é. Sei que fugi da raia, mas nem todas as batalhas devem ser travadas. É pela paz que eu não quero seguir admitindo, diz a música do Rappa.
Tenho que gostar novamente de andar com as pessoas, ver como são importantes, apesar de tanto interesse, vaidade e sei lá o que. Tá difícil mas vou encarar.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Viciada em assessoria de imprensa

Antes, as redações de grandes jornais eram o principal centro de informação. Editorias com diversos jornalistas, tempo para desenvolver grandes reportagens e checagem das informações eram a rotina. Jornalistas disputando a manchete, por meio de exclusivas, parece que perdeu o alento de antigamente. Tudo mudou.
Os periódicos encolheram suas redações e agora estão releasedependentes das assessorias de imprensas, muitas com equipes e "redações" que lembram os velhos jornais. A verdade é que, nesses tempos de muito acesso à informações, a imprensa depende de sugestões de pautas, fontes, informações, fotos, tudo que principalmente as agências de comunicação prestam-se rapidamente a fornecer. Não há tempo, e se o prato já vem feito, beleza, copia e baixa.

E o futuro do jornalismo, diante dessa estranha realidade?

Cada vez menos crítico, superficial e repetitivo (abra os sites de notícias e são praticamente as mesmas). Até mesmo a grande imprensa, revistas e jornais de SP principalmente, estão num marasmo que dá dó gastar as moedas num exemplar. Veja os grandes furos dos últimos meses, e só de destaca o Estadão de SP, que inclusive sofre com censura da justiça quando a pauta é a família Sarney. Basta abrir qualquer site "sério", como o da folha, terra, outros, e contar os itens de temas relevantes cobertos e os de entretenimento (sabe quem estava na praia com o namorado ontem?)

Enquanto os jornalistas gritam contra o fim da obrigatoriedade de diploma, muitos textos estão sendo elaborados por estagiários - ou seja, não formados!

Ler notícias, mais que uma opção, é uma necessidade para ficar atualizado. Por isso a crise final não se desfecha sobre os veículos de comunicação, todos. Mas será que vai ficar assim por longo tempo? Quem muitas vezes traz a novidade são os colunistas, nem todos jornalistas.

Não tenho a resposta, mas o fato que tem que ter ânimo para ler o noticiário. Vamos ver onde tudo vai parar.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Escrever para salvar-se de si mesmo

O ato de escrever é um grande sofrimento, ao se iniciar um texto. As idéias todas misturadas bloqueiam qualquer início de texto. Mas depois que começamos, as coisas vão melhorando até que atingimos aquele estado hipnótico de só escrever sem quase pensar, um ato automático.
Escrever acalma o espírito que, centrando num só foco, o papel ou a tela em branco, pode se libertar do resto enquanto as letras vão se agrupando em frases, parágrafos e textos.
Preciso me libertar mais.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Você ganhou uma mega-sena acumulada

O assunto religião volta e meia ronda minha mente. Sou socrático, sei que na sei, meio agnóstico misturado com panteísta, e por aí vai, cristianismo de nascença, budista e muçulmano por leitura, fã de Sêneca, e outras muitas influências culturais e de credo.

E a que conclusões posso chegar aos 43 anos?

Bem, vamos as fatos, e por meio deles aos meus pensamentos dominantes. Creio que se Deus existe, e acredito e rezo pra que sim, este já nos deu esta vida como um bilhete premiado. Já estamos curtindo seus benefícios. Gostaria da ajuda de um matemático ou semelhante para ver qual é a maior probalidade: a de um espermatozóide fecundar o óvulo, diante de milhões de concorrentes que se acabaram no meio do caminho, ou acertar as seis dezenas da mega-sena.

Se vai haver vida após a morte? Reencarnação? Vida eterna? Céu e inferno? Isso não me cabe saber e por isso vou gastando a minha parte neste rateio.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Santa hipocrisia


A falsidade, com certeza, campeia. E no senso comum condemanos, mas quase sempre a estamos praticando em família, no trabalho, vizinhança e adjacências. Está em toda esquina, em toda loja, na relação com o freguês, no trato com o cobrador de ônibus no rolar da catraca.
A hipocrisia é triste, mas extremamente necessária. O convívio entre as pessoas depende de uma certa dose de representação teatral ao vivo. Caso contrário, jorraria sangue do primeiro desentendimento entre interesses opostos. A falsidade é a nossa salvação.

domingo, 26 de julho de 2009

A boa bossa nova


A criação musical do final dos anos 50, mais precisamente 58, que foi apelidada de bossa nova, é uma das criações mais fantásticas do povo brasileiro, sem dúvida uma contribuição para o patrimônio cultural da humanidade. A batida, duas notas, a construção das letras, a integração de som com canto sussurrado, que vem de dentro, são um alento à alma. Se for João Gilberto, então é covardia.
Impressionante que são músicas com mais de 50 anos que continuam mercendo execução em filmes norte-americanos (cena de bar é muito comum), aeroportos japoneses e rádios cults pelo mundo todo. Garota de Ipanema, Insensatez, Corcovado, entre outras estão sempre na onda.
Fico pensando que, se existem, novas composições na batida da bossa, estas não pegam, não se mantém na memória dos ouvintes. Já os velhos sucessos, como as marchinhas de carnaval, ficam para sempre em nossos corações.

domingo, 5 de julho de 2009

negociações diárias


Penso que tudo na vida está numa constante e terrível busca do equilíbrio. Falo das relações interpessoais com aqueles que convivemos no cotidiano. Tanto em casa quanto no trabalho se faz necessário um diálogo para congregar, se isto é possível, todos os interesses individuais, diferentes idiossincrasias tendo de conviver.
Muitas vezes, nas relações onde predomina ignorância mais profunda, essa negociação diária vai para o pau, literalmente. E se a mulher que apanha se cala, a solução para quem bateu parece que funcionou para impor o ponto de vista do macho da casa.
Acredito que em poucas décadas possamos ultrapassar na regra geral a ignorância da sociedade brasileira. Avançar em igualdade de negociação, cada um com seu ponto de vista e imperando a razão sobre quaisquer outros sentimentos como a vaidade, orgulho, prepotência, etc.
Mesmo aqueles quem tem acesso a educação e cultura precisam progredir no sentido de disseminar e fomentar o conhecimento entre os que mais precisam do saber.

domingo, 28 de junho de 2009

Sem exigência de registro para jornalista

Confesso que não perdi o sono depois que o STJ julgou que para ser jornalista não precisa registro. Nem mesmo fiquei indignado com a decisão. Sou formado, paguei caro pelo diploma em faculdade particular e vivo dessa profissão que me motiva no dia a dia porque gosto desta "cachaça".
Parto do pressuposto que a liberdade de expressão é o bem maior da sociedade, e se uma pessoa quer lançar um jornal de bairro, caça-níquel ou só de classificados, tudo bem - não precisa de um jornalista profissional para assinar a publicação como sendo o responsável. Até porque um periódico é um produto comercial, que fatura com a venda de anúncios. E informação é informação, e o meio é a mensagem principal, já dizia Mcluhan. Muitas vezes detestamos os programas que assistimos, aos jornais que lemos ou as rádios que escutamos. Não gostamos, mas precisamos estar informado, mesmo que o formato ou o apresentador não nos agrade muito.
No entanto, se de um lado a liberdade de expressão é o que deve nortear as regras sociais, também a responsabilidade sobre o que se afirma deve ser responsável; caso contrário, em ofensa, injúria, calúnia, difamação, deve-se responder rigorosamente pelas injustiças via processo judicial. Para isso existem leis e punição com cadeia e multa indenizatória.
Não tenho medo de perder mercado para quem não é formado, pois me garanto tentando sempre aprimorar meu trabalho, e para isso o conhecimento acadêmico deu uma base importante para saber como proceder eticamente diante de um teclado. Isso me assegura uma enorme vantagem competitiva, pois na faculdade estudei história, sociologia, antropologia, psicologia, português e até tive algumas poucas experiências práticas no curso de Comunicação Social.
Os mesmos sindicalistas do jornalismos que esbravejam contra a decisão têm sua parcela de culpa, devido ao corporativismo exacerbado e burro. O sindicato fala mal das empresas em seus boletins e sites sem pelo menos tentar ouvir o outro lado - não seguem a tão propalada ética jornalística.
Não são exemplo de bom jornalismo. Também evitam criticar colegas que erraram no português, no foco ou distorceram a notícia por ignorância do tema coberto ou má fé. Sem a devida credibilidade, perdemos espaço e, anote aí, não vamos reverter a decisão do STJ.
Está na hora de cortar na própria carne, depurando o bom do mau profissionalismo. Um conselho de jornalistas, e não de hipócritas, se faz necessário nesse momento, apontando falhas de jornalistas e não jornalistas na mídia. Os sindicatos deveriam investir mais criando oportunidades de reciclagens de conhecimentos e uso das novas ferramentas (como fazer um blog atraente, sites, etc). Mas agora vão percorrer o estado, chamando assembleias para discutir a decisão dos ministros, muito blá,blá,blá e diárias, hotéis e drinks para discutir o que fazer. No fim vai restar a chiadeira. Antes da decisão, quando o diploma era essencial ao registro no mundo sindical, não avançamos muito e o piso aqui em SC passa um pouco dos mil reais. Agora, com a mudança de paradigma forçada pela justiça, é preciso inovar para salvar não os profissionais, mas a profissão.
Acho que vou abrir um curso relâmpago para quem quer ser jornalista, taí uma boa opção para minha carreira. Jornalista em cinco aulas, quem sabe.

terça-feira, 16 de junho de 2009

Imperfeições no blog

Abrimos o blog e está lá, um texto com frases desconcertantes pela falta de lógica ou sequencia. Mas não se preocupe o leitor, se um dia abrir essa página, com a falta de zelo com a construção de um texto aqui publicado.
O blog justamente é uma ferramenta que permite a constante busca da perfeição do texto, sendo alterado ao bel prazer do seu autor. Criatura em mutação diária, vai melhorando com as várias releituras de revisão. De início, é preciso vomitar o motivo que nos leva a escrever. Podia fazer isso no Word, mas que graça?
Chega-se ao ponto de acreditar que depois de muitas tentativas atingimos a meta. E anos depois casualmente remexendo em arquivos, está lá um errinho que passou despercebido.

Acho que a vida é imperfeita, mas a busca da perfeição é a meta da música do Gil. Não sou nem um Tostão nem nada.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

2009 - o ano em que li D.Quixote I e II

Já não morro sem ter lido essa obra considerada clássica. E o que mais poderia dizer do que ainda não foi dito sobre o livro? O genial Miguel de Cervantes era o próprio personagem, colocando suas conclusões inteligentes sobre a vida em uma concepção maior e tão profunda sobre valores, comportamentos, moral, tudo tudo. Daquele tipo de autor que desenvolve um ritmo de texto e atinge como os grandes escritores um espécie de nirvana literário. Ao chegar lá, viram uma espécie de meio de transporte do éter ao papel.
E quem há de negar que também inventamos nossos monstros que nos amendrontam e que não existem, no mesmo tamanho exagerado da imaginação de D. Quixote? Medo de bandido, traição amorosa, chefes, funcionários, polícia, sogra, irmão. Com estes imaginamos o pior por uma simples contrariedade passageira que levou a uma construção pavorosa daquele inimigo oculto.

Se o fidalgo D.Quixote era do tipíco caso de loucura de atar, e Sancho, o governador de uma ilha cercada de terra o ideal da razão, não sei dizer ao certo, pois os dois eram parvos, um por visão estreita da vida de querer ganhar recompensa, e o velho, alquebrado, no seu rocim, por ser visionário.
Mas D.Quixote também dividia suas atitudes entre a doidice com a clareza de idéias e morais a que os homens devem ou deveriam sempre a defender. Quem mais louco era; o cavaleiro errante ou o nobre e sua mulher que tantas encenações realizaram para legitimar uma farsa perversa e má, por deleite e escárnio?
Mais que uma época, a obra é impactante por entrar na alma do ser humano. Pronto, já estou repetindo o que já foi dito.

sábado, 25 de abril de 2009

Vício de palavras grandes

Confesso, sou um viciado em dizer palavrões, alto e claro, que é o que mais interessa. Em bom tom, não vou revelar os meus favoritos, mas que a cada decepção ou dificuldade, um deles, dos mais cabeludos, alivia a alma. Como se fosse uma válvula de escape que permite organizar os pensamentos por meio de profundas respiradas e suspiros.
Acredito que exista um padrão - uma preferência nacional dos jornalistas - por eles. Alguns, mais educados, ficar apenas num "droga". Mas sou um inveterado falador de palavrões, geralmente relacionado aos órgãos genitais, e talvez algum freudista veja nisto algo do meu inconsciente que não estou, claro, consciente.
O problema que, como todo drogado, tenho que usar meus palavrões longe dos outros. Afinal, não gostaria de ver minha afilhada de dois anos imitando o "dindo", se bem que a menina está a caminho deles, falando "bobo" e "feio", num prenúncio de coisa pior que vem por aí. Confesso que as vezes escapa, e ficando torcendo para que os ouvidinhos tenham deixado passar batido sem gravação. O que é bem difícil de acontecer.
No mundo corporativo, ondo os ambientes são tão asseados e organizados, com gente tão aparentemente educada, não se pode usá-los, sem que todos os olhos se voltem constrangedoramente para sua mesa de trabalho. Tá certo que nas idas ao banheiro, dá para soltar alguns, mas a altura da voz pode entrar nos ouvidos das paredes, e daí já viu. O melhor mesmo é andar pelas ruas - desertas - ou dentro do carro, onde você pode ligar o som a um bom volume ou fechar os vidros e se esbaldar em expelir os que de mais impacto se possa ter.
Talvez no futuro da humanidade, tenha alguma disclinas nas escolas, tipo a ética do palavrão - como usar com sucesso essa ferramenta que tanto marcou as tentativas das grandes invenções ou soluções de problemas mecânicos, metafísicos, diários, pessoais e coletivos. Tomara que não demore, porra.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Do Trabalho

O trabalho alimento o corpo, mas não é uma tábua de salvação à existência humana. Sem provento, sim dimdim, só se vive com o do outro, de alguém caso não se ganhe para o sustento. Ponto nada pacífico. E acredito que além de recursos para alimento, roupa e teto falta ainda um norte para quem encontra-se nessa situação. E aqui chego ao ponto que me intriga: quem atua na atividade de que gosta, está resolvido consigo mesmo? Impressão que falta algo mesmo assim, para quem já experimentou essa sensação de que, do ponto de vista profissional, podería ficar uma vida inteira na mesma função ou empresa. E muitos fazem essa escolha.

Percebo que tudo que já fiz de profissional, o compromisso, agora parece que cai num vazio pueril diante da realidade que me cerca. Parece que estou patinando e perdendo um tempo precioso em não fazer nada de objetivo e concreto. Mas ao mesmo tempo tudo se aquieta e se alarga. E se antes já pirei por não ter trabalho ou sentindo-me injustiçado, não faz o mínimo sentido.

Mas basta me chamar que vou ganhar o meu pão com alegria, mas se não der certo não posso nem devo sofrer. E sempre acabo na mesma tecla da interrogação, pensando a que devo me dedicar nessas próximas décadas que devem me valer?

sexta-feira, 27 de março de 2009

Renascimento de um vivo

O renascimento do Dr. Arruda
Por Luciano Almeida



- Faça tudo que seu patrão mandar!- Diga a todos que eu morri!
O mundo era muito novo para ela. Aos 14 anos, conhecera, pela primeira vez na vida, a vida urbana da cidade grande, chegada do interior do interior do estado. Olhos continuavam com um misto de arregalo e susto da primeira semana em que deixara a casa de palha dos pais e oito irmãos para trabalhar em período integral na casa do médico que, por meio de um e outro conhecido, resolveu apostar em trazer alguém de maior confiança para cuidar da bela casa na região dos Jardins. Estava cansado de trocar de doméstica toda semana por negligência ou furto de objetos da residência. A última tinha roubado até suas cuecas, carregando um saco cheio de roupas, remédios do freezer e um peito de frango assado da geladeira. Entre os pobres revoltados e os tolos, apostava agora nesses últimos ao trazer uma “colaboradora” de tão longe, onde talvez a pureza de intençoes ainda prevaleça.
Tudo era muito estranho, no começo, como estranho é todo começo. Carros nas ruas, buzinas, barulhos esquisitos a quem era acostumada a outra sinfonia de barulhos, como o assovio do vento no milharal, galos e gafanhotos se expressando em silvos agudos, ou no máximo uma coruja piando para assombrar a noite em arrepios desconjurados. Para se chegar à localidade onde a menina morava era necessário muita coragem para andar em estradas de pedregulhos, com curvas sinuosas subindo e descendo os morros que dominavam a região. Nem tv, nem geladeira ou chuveiro quente – só um radinho de pilha. As velas e lampiões dominavam a noite quando a família se reunia, rezava um terço com a mãe ajoalhada em frente a um pequeno oratório de madeira e em seguida cama, dormindo logo depois de um dia de buscar pasto para a vaca leiteira, capinar inço na plantação e matar e depenar uma galinha para o almoço, enquanto a maior panela encardida pela fumaça ficava fumegando no fogão à lenha desde o clarear do dia com o feijão com toucinho. De novidade e aventura somente as poucas noites em que o pai e a mãe faziam barulho no quarto contíguo, separado por uma fina parede de madeira.
A proposta apareceu, e o pobre pai não teve muito o que pensar (“pobre não tem escolha”), aceitando deixar Leleca arrumar sua trouxinha e seguir, chorando um choro sentido no banco de trás do carro do vereador local.
A primeira impressão da garota foi indescritível quando entrou na cidade grande e o veículo quatro portas estacionou em frente à mansão do novo patrão, onde tudo parecia brilhar e ofuscar a visão e a mente para um estado de catarase, uma hipnose diante daquelaestranha e nova realidade. Não fosse chamarem a sua atenção, orientando-a aonde ficava seu dormitório, aonde deveria deixar sua coisas particulares, quais as principais tarefas diárias e ficado estipulado o dia do pagamento - nunca tinha imaginado que 350 reais um dia seriam só seus assim, reunidos no mesmo bolo de notas - ficaria parada como mais uma estátua no acesso da mansão.
O patrão e sua família eram gente boa e cristã, havia garantido o vereador que arrumara o serviço. E realmente era. Sempre em seu jaleco branco, combinando com a cor dos poucos cabelos restantes, o médico era educado, falava pouco. Sua mulher, advogada, como o marido tampouco parava em casa. Chamavam a atenção de Leleca toda vez que ela não realizar a tarefa como desejado, mas tudo com muita educação, sem gritos, como fazia o próprio pai da menina. Só o casal habitava aquele verdadeiro palácio de princesa, como escutara uma história ser contada pela professora da escolinha primária. Os filhos há muito já tinha feito a própria vida e raramente apareciam para uma visita, a não ser em festas de aniversário, fim de ano e outras celebrações das quais não se deve escapar.
A primeira semana transcorreu com muita dureza, afinal terminar de tirar o pó de tantos cantos e objetos de todos os pesos, ã e tamanhos não era para preguiçosos. E disposição para o trabalho era o que não faltava na menina, de canelas finas e na fase em que os seios mais se parecem mais como brotos do que mamas. Ainda havia a cozinha, a roupa para lavar e passar (sua principal dificuldade, pois só conhecia ferro a carvão) ocupavam quase todo o tempo. Atirava-se ao serviço como uma garantia diante daquela realidade que demorava um pouco a se acostumar. No fundo era uma moleza para quem pegava no pesado no campo. Tinha suas vantagens, pois até uma tv preto e branco estava no seu quartinho de empregada, aos pés da cama espremida no pequeno tamanho da dependência que ainda contava com um armário de roupas só para ela, sem ter que dividir com a penca de irmãos como estava habituada, misturando calcinhas com carpins, blusas e camisetas – a maioria trapos. Além disso, ficava a maior parte do tempo sozinha, sendo interrompida nos seus afazeres pelo tocar do telefone, o qual tinha medo, pois não sabia o que dizer, o que responder.
Pouco adepto de ataques de stress, o velho médico no entanto acordou monstro naquela sexta-feira, sendo acordado logo cedo pelo soar do telefone. Estava agitado, derrubou o café na calça e pela primeira vez descarregou seu estresse na menina, perturbada pelo outro chefe que agora se apresentara a sua frente, furioso e grosso no trato, outro homem. Um processo, o que seria esse tal processo, pensaria mais tarde meia hora depois do médico ter saindo voando pela porta em direção ao carro, arrancando queimando pneus no asfalto? Com a mulher, ele comentava à mesa, entrecruzando os dedos de forma nervosa, a sua situação. Depois de 30 anos de carreira, errara. Errara feio, esquecera uma gaze no interior de uma paciente que pegara uma grave infecção e agora estava em coma na UTI. O raio x comprovou um corpo estranho nas entranhas. E agora estava descontrolado como há muito não ficava.
O casal logo levantou de forma brusca das cadeiras que ocupavam e saíram apressados para a garagem. Leleca queria perguntar como deveria se portar ao telefone, mas não deu tempo de perguntar nada diante dos patrões. Mais tarde descobriria que em certas ocasiões não se deve interromper os superiores para o bem da própria pele. Viu a valise do médico sobre a cadeira e em seguida o próprio retornando apressado para pegá-la.
- Doutor, o que eu digo se ligarem atrás do senhor?
- Diga a todos que morri! Que morri! – cuspiu o cirurgião, saindo rapidamente da sala novamente.
Tudo muito estranho, na cidade grande. Ora essa, dizer que morreu sem morrer, era um absurdo. Porém ordem é ordem, e na sua memória ainda via o pai e mãe recomendarem muitas e muitas vezes como deveria se comportar na cidade;
- Faça tudo o que seu patrão mandar, fia!
Não demorou muito e no meio da manhã o primeiro telefonema soou pela ampla sala com seus sofás de couro, a mesinha de centro, o tapete persa onde ninguém pisava (pois era persa). Limpando as mãos no avental, a empregada doméstica quase caiu para correr e saciar aquela buzina estridente do aparelho que metia medo na menina.
- O Doutor Arruda, está?
- Nâo, ele morreu - respondeu Leleca, cumprindo as ordens das duas maiores autoridades a quem devia se subordinar.
- Cooomo?
Essa insistência do outro lado da linha não estava prevista, e a menina com obrigações de mulher não soube o que dizer nem o que fazer e desligou. Nada mais deveria falar. O fone tocou de novo quando ela já se dirigia ao fogão para baixar o fogo do assado.
- Já, disse ele morreu, morreu, entendeu?
E desligou de novo. Finalmente o silêncio tomou conta da casa, para sossego de Leleca que, de forma ousada, ligou seu radinho que trazia do outro mundo, o original e diverso do que agora lhe mostrava novas caras. Não por muito tempo a paz durou, e nova chamada agitou o corpo da menina, pega de surpresa. Era outra voz dessa vez que perguntava:
- Por obséquio, o doutor Arruda está?
- Morreu
- ....
E bateu o fone no gancho. E assim foi a rotina daquele dia, último útil da semana para a maioria da população. Várias chamadas, várias comunicações sucintas. Naquele dia os patrões, como costumavam, não apareceram para o almoço nem informaram nada. Estavam do outro lado da cidade reunidos o médico, a mulher advogada e outro advogado, amigo da família. Ficaram trancados discutindo nervosamente o erro médico. A imprensa estava no encalço do cirurgião, e por isso tiraram o fone do gancho e viraram a placa para FECHADO na porta de vidro fumê da entrada da sala comercial, cessando de operar os celulares. Ficaram até as cinco da tarde em mil elucrubações para safar o doutor. quando só então voltaram a se realinhar com a situação de terror que um descuido único em três décadas de profissão provocara.
Antes de seguirem para casa, contataram o hospital. A mulher do Arruda ligou á enfermaria do hospital para saber se a mulher de trinta anos que operara de forma mal sucedida havia demonstração algum tipo de reação daquele estágio, dizem, que mistura vida com morte numa ponte que interliga os dois mundos num túnel que leva a um a luz. O fato é que o médico agora era um menino assustado, à beira da ruína e da insanidade aguda.
- Milagre, ela abriu os olhos agora a pouco – berrou a mulher do médico, em meio a lágrimas, deixando o aparelho cair, abraçando o marido, bom homem uma vida toda, que não acreditava em Deus mas agora comemorava a sorte que o destino lhe guardava.
O ambiente de euforia tomou conta do escritório, e até a cabeça de alce canadense que servia de porta-palitó parecia mais alegre. Saíram dali e foram direto à UTI. Com um nó na garganta o envelhecido e desalinhado Arruda entrou pelos fundos, para não cruzar com algum fofoqueiro da desgraça alheia, jornalistas abelhudos que não largam o osso e são capazes de ficar horas em campana. Não foi notado, e subiu dois andares de dois em dois degraus para não perder tempo. Entrou na ampla sala verde claro onde homens e mulheres vegetavam ligados a respiradouros eletrônicos e parafernália com porta-soro, máquinas fazendo bip bip para cima e para baixo em gráficos verdes escuros numa espécie de digitalização dos últimos instantes.
- Me desculpe, me desculpe, eu errei, estou arrependido, por favor... – dizia o menino Arruda com os olhos vazando em cascatas pelos cantos do rosto.
A paciente já havia voltado para o lado de cá da ponte e também já superara aquela fase do ‘quem sou eu, onde estou’ que geralmente perturba a pessoa saída do nada absoluto novamente para a vida, embriagada como ao acordar pela manhã depois de um longo período de bebedeira. Não entendia o que o Dr. Arruda dizia, estranhava aquele velho pulando de felicidade, quem era o maluco? Aos poucos lembrou da cirurgia de úlcera para reduzir o abdômem, objetivo não alcançado na ginástica. Os enfermeiros tiraram o alterado Dr. Arruda da sala que fica na fronteira entre o tudo ou nada para não prejudicar a recuperação dos entubados ali perfilados em suas camas de ferro. Na saída abraçou veementemente o pai e a mãe da jovem vaidosa. Conseguimos, conseguimos. Foi Deus, doutor, foi Deus. Arruda sorriu e logo seguiu para fora do hospital, respirando um ar que pareci fresco como nunca experimentara.
Foram para casa, os corpos do casal agora acusando toda a carga de tensão que carregaram durante aquele longo dia de tortura mental que enfim tinha um final feliz. Cair na cama e dormir, quem sabe por mais de um dia. Fazer amor, quem sabe. Paz para os justos e para os imperfeitos com anos de experiência. Para fugir de qualquer chato (o animal símbolo dos repórteres deveria ser o urubu) na entrada da residência, decidiram entrar pelos fundos, pelo terreno baldio, um dos poucos sem construção em cima, que dá acesso à porta da cozinha.
O médico entrou na frente, seguido da mulher. Um som semelhante a um uivo com muitos uuuus ecoou da sala ampla que exalava um forte cheiro das coroas de flores espalhadas por sofás. A interjeição coletiva era dos muitos conhecidos do Dr. Arruda, que estava ali para velar o corpo do amigo. Afinal, depois que os primeiros que ligaram para casa e receberam a mesma e única informação – “ele morreu” – do outro lado da linha, a notícia se espalhou no meio de comunicação de massa mais humano de todos, o boca a boca. Logo um avisou o outro e seguiram durante a tarde para a residência, antecedidos pelas coroas que chegavam aos Jardins entregues por floriculturas que sabem o quanto a morte pode ser lucrativa graças a clientela permanente.
Dr. Arruda, com as pupilas dilatadas ao extremo, realmente ficou branco como um cadáver fresco ao ver tal cena despauterada; ali reunidos lutos em ternos e vestidos pretos, estes curtos conforme determinava e, bem verdade, serviam para tornar o velório bem menos sofrido, dependendo do par de coxas tristes ali presentes e enfiadas em meias igualmente negras. A primeira reação do dono da casa foi encarar a empregada, a encolhida Leleca, sacudi-la com violência e perguntar se ela havia enlouquecido ou se era o golpe de misericórdia de um dia miserável.
Ao sair do estado catatônico (nada que se assemelhasse a experiência que sua paciente passara), o velho Arruda ia começar a proferir as primeiras palavras a doméstica disparou na frente:
- Fiz o que senhor me mandou hoje, fiz o que meu pai mandou: fazer tudo o que o senhor mandar, e o senhor disse que era pra falar que tinha morrido, mesmo tando vivo.
Um passo atrás foi a reação instantânea que o corpo do morto-vivo, ou vice-versa, esboçou. Era verdade, na ânsia de sair para a reunião com o advogado, livrar-se das perguntas dos microfones e câmaras, dera a ordem. Batata quente nas mãos da coitada.
Diante dos abraços e tapinhas que começou a receber da cerca de uma dúzia de conhecidos, colegas, pacientes e amigos fazendo fila, demonstrando felicidade (alguns ficaram frustados no fundo, mas disfarçaram bem) de encontrar com vida o querido cirurgião que ainda não juntar os pés à eternidade.
Dr. Arruda não teve mais dúvidas, chamou a empregada num canto, pegando-a com leveza pelo braço e mandou servir cervejas, uísques, vinhos e tira gostos armazenados na despensa à espera das festas natalinas do mês que vem. Convidou a todos a esperar por um churrasco de carneiro que fecharia a festança daquela noite.
O mais animado era o próprio velho Arruda, dançando com guirlandas de flores sobre o tapete persa, manchado de cerveja. Afinal, não era todo dia que a vida vencia a morte.

quinta-feira, 26 de março de 2009

Impertinências

As pitangas pintam de vermelho meu dia
passarinhos nos galhos, piam de lá pra cá
ando triste, cabisbaixo no pátio dos fundos
nenhum sonho, nem pensamento
e nesse estado de amargura e de tristeza
vem a própria natureza
se mostrar em todo seu esplendor
para consolar olhos descrentes
sendo eu próprio
o meu profundo
paradoxo.

Homenagem à Bukowski

Estamos no meio da sociedade, sem a qual você não garante a porra da cerveja gelada no bar. Sento, peço uma, conto as moedas e garanto a segunda garrafa a ser servida. Temos de tudo e não nos falta nada aqui nesse país de liberdade e oportunidades. Então por que é que estou aqui com a vida vazia? Se a cerveja abundar, vou me iludir por hoje comendo alguma xoxotinha pra lá de socada na madrugada, sem amor e rumo à ressaca de amanhã. Ou então ir ao banheiro vomitar, tomar um gole dagua com as mãos em concha no banheiro e voltar a beber, com cabelo molhado sob a torneira enferrujada e penteado minimamente. O que acontece? Me parece que a América, assim como Roma antiga, chega as alturas completamente zonza, e em vez de enfrentar a situação, encarar, vai se embriagando sem outro norte que não o já alcançado frente ao mundo, uma idéia surreal, fantasia bizarra muito nossa. E vamos fazendo as coisas doidas e horrendas acreditando que é tudo normal, dentro da lei natural ou social. E então vamos tropeçando nas próprias pernas ou nas dos outros, e em vez de sorry, vamos de fuck you, olhando para o céu. Se fico aqui no meu canto desse bar delirando é porque admito que a nossa querida sociedade está completamente fudida e não foi bom para ela, nem um pouco. Mas também não acrescentarei mais um trema a esta loucura. Minha bunda vai ficar achatada e o meu rim deplorado. As regras do jogo não fazem sentido sem que ele esteja acontecendo. Pena que não sou um monge e sim um bêbado, mas existem monges e bêbados, dita toda a vrdade. Será que John, o dono do boteco, me vende mais uma meia dúzia de geladas fiada?

segunda-feira, 9 de março de 2009

Abuso sexual de criança é pecadilho

"O arcebispo de Olinda e Recife, dom José Cardoso Sobrinho, responsável pela excomunhão, disse, neste sábado (7), que os envolvidos na interrupção da gravidez de gêmeos de uma menina de 9 anos podem ser perdoados, se mostrarem arrependimento".

D. José Cardos Sobrinho,

Quero lhe informar o seguinte, que tanto o senhor quanto outros de batina da Igreja Católica podem abusar sexualmente de crianças tranquilamente, pois isso não é caso para excomunhão, não é mesmo? E o rebanho também, basta rezar algumas aves-marias e pais-nossos até o próximo dia em que irão deflorar mais uma criança.

Pela notícia acima, percebe-se que seus pares lhe deram um torção bem dado de orelha pela bobagem que o senhor cometeu. Agora quer que os atingidos peçam perdão? Para quem? Para o senhor?

Se o senhor não fosse um fariseu vestido de bispo, o senhor teria tomado a frente nesse caso e assumiria a criação aos gêmeos, o tratamento psicológico à menina abusada pelo padrasto, e mesmo ela não tendo condições físicas para parir, o senhor seguraria essa cruz em suas costas, para honrar seu compromisso com a fé cristã, defendendo as três crianças ma má sorte imposta pelo padrasto.

Mas não, apenas condenou e agora também será condenado pela arrogância de se achar um representante de Deus na Terra.

Para nosssa sorte, talvez Deus não seja católico como o senhor.

segunda-feira, 2 de março de 2009

Planejar ou deixar acontecer?

Para um administrador, não há duvida. Devemos planejar nossa vidas em todos os sentidos: na carreira, na família, nas metas individuais que nos propusemos à própria existência. Já para várias versões religiosas, devemos não nos preocupar com o amanhã, somente com o hoje - aqui e agora - como forma de "captarmos" um plano superior. E no meio dessa dúvida estou há 42 anos.

Olhando o passado, vi que, ao contrários de muitos de que não tem dúvida do que querem fazer da vida, na minha as coisas foram acontecendo. Ao contrário do que tem a meta a frente dos olhos, e só ela, de forma clara, nunca planifiquei minha vida pessoal e profissional.

Lembro da infância, quando passava longas temporadas na casa do meu avô, que arrendava terra para plantar, tudo estava perfeito. Brincava de agricultor e caçador de bodoque, ia pescar no açude nos fundos da casa, comia, dormia - e assim poderia ser até hoje.

Mas a roleta da vida levou meu avô a colocar um dias seus pertences na carroceria de caminhão e nunca mais voltei ao meu paraíso particular. Cresci, terminei o segundo grau e recebi a missão de minha mãe de cursar uma faculdade. Fiz vestibular para oceanografia em Rio Grande e não passei. Fiz para jornalismo em Porto Alegre seis meses depois e passei. Se dissesse que foi um grande decepção não ter sido aprovado na primeira opção que fiz, mentiria. Do mesmo modo, se afirmasse que me econtrei com o jornalismo, também não seria de todo verdade, apesar de também não ser uma grosseira mentira.

Casei, sem ter planejado, fiz um curso da RBS e tive a opção de vir trabalhar em Floripa, no DC. Tempos difíceis, morando em barraca - alugada - depois em um quartinho na Lagoa depois uma baita casa na Vargem Grande.

Sai da redação e fui para assessoria, e aqui estou até hoje, passando por diversas empresas/clientes.

E agora? O que posso planejar? Uma aposentadoria decente? Um jeito de ganhar mais dinheiro? Ou vou dar mais um bocejo, passear na praia no final de semana, e deixar qualquer plano para depois e depois e depois, como geralmente acabo fazendo. Talvez o melhor seja um misto de planejamento com o deixar rolar, para não sofrer quando as coisas não dão certo.

Se existe sorte, posso dizer que foi ela que me salvarguardou até aqui, meu deu uma mulher fantástica, amigos poucos mas fiéis e um jeito simples de viver, que me desobriga de tentar a mega-sena toda semana, e uma casa que é meu castelo medieval (estou lendo D.Quixote atualmente).

Mas também não posso viver inseguro dos bens materiais, mas não piscar pescoços para galgar altos postos de poder. Vi um documentário final de semana sobre como levar uma vida filosófica, baseada em Sêneca, que viveu uns 70 D.C.. Dizia o esperto cidadão romano que precisamos ter ciência que estamos no leme de nossas vidas, mas que tudo poder dar errado a qualquer momento. Se tivermos ciência disso e preparo para suportar os reveses sem histeria, eis a vida filosófica. Aceitar o que não se pode remediar. Como Pompéia à beira de um vulcão que dormiu por séculos e um dia resolveu acordar e liquidar com a comunidade que fica perto.

Que Deus me ajude, como sempre fez, e me ilumine com fez a Salomão, dando-me sabedoria e paciência para fazer a coisa certa na hora certa.

E vamos em frente até onde não sei. Só me ocorre planejar viver, viver, o quanto puder, o quanto merecer. Talvez começe a jogar na mega-sena para, sorteado, comprar aquela fazenda onde vivia na infância e passar a velhice fazendo coisas semelhantes.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Democracia só nas aparências

BUENOS AIRES (Reuters) - O bispo católico ultraconservador Richard Williamson, que gerou uma polêmica internacional ao negar a magnitude do holocausto, abandonou a Argentina na terça-feira depois que o governo do país ordenou na semana passada a sua expulsão, disse uma fonte oficial. (Reuters/Brasil)

Na democracia, devemos respeitar os direitos de credo, religião e opiniões divergentes e conflitantes. A expulsão do bispo acima citado da Argentina mostra que estado democrático muitas vezes não passa de fachada. Williamson tem sua opinião sobre o holocausto judeu na segunda guerra e agora está pagando o pato por falar abertamente no que pensa e acredita. Negar o holocausto é muito diferente de defender abertamente o extermínio de judeus ou outro povo qualquer da face da terra. E não foi isso o que ele fez.
Até hoje tem quem acredite que a chegada dos norte-americanos à lua foi uma montagem de cinema, já que a bandeira dos EUA tremula num ambiente sem atmosfera. Nem por isso precisamos internar essas pessoas num hospício.
E os que se dizem abduzidos por ETs, sem prova alguma disso? Vamos bani-los do convívio humano? Poderia citar muito outros exemplos - da cientologia dos astros de hollywood às próprias religiões que acreditam num ser superior cuja a existência nunca foi provada - a ainda se mata para fazer a vontade de Deus.
PS: eu acredito que houve holocausto sim na Alemanha Nazista, eu vi na TV.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A realidade deveria imperar

O caso da advogada brasileira que teria sido atacada por neonazistas na Suiça comoveu o Brasil, e em alguns comentários em sites noticiosos chegou-se a publicar opinião defendendo o rompimento de relações diplomáticas. Sou jornalista, e logo vi que a história estava mal contada. Agora a polícia suíça afirma que ela não estava grávida, portanto não houve aborto. Não há testemunhas nem vestígios de sangue no banheiro público que ela teria usado. Não fez curetagem nem raspagem de útero, como é comum em abortos. Outro detalhe: como ela sabia que esperava duas meninas gêmeas no terceiro mês de gravidez?

O ataque pode ter ocorrido, mas a história tem mais furo que um queijo suíço. Tudo isso mostra como é importante a checagem de informações recebidas e de que o que importa é a realidade do jeito que ela é.

Nossos opiniões muitas vezes não valem nada se não houver ligação direta com os fatos, ou seja com o real. Os cientistas sabem disso, mas a imprensa continua usando como principal comprovação depoimentos e não fatos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Sorria, você é brasileiro

Um dos mais notórios grupos culturais hindus, o Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), desenvolveu, na Índia, o refrigerante Gau Jal (algo como Água de Vaca), produzido com urina do animal, informa o jornal britânico Telegraph nesta quinta. Os hindus idolatram as vacas por conta de seus derivados laticínios, mas muitos consomem também urina e fezes dos animais em bebidas e temperos por acreditarem nas propriedades curativas dos excrementos. Em algumas regiões, esterco e urina de vaca são vendidos em mercados ao lado de leite e iogurte. Os produtos são ainda usados em pastas de dente e bebidas tônicas.(Fonte G1).

Vendo este tipo de notícia, sinceramente agradeço aos céus por ter nascido no Brasil. Aqui não é o paraíso, mas perto de costumes a base da ignorãncia, do poder religioso, de governos totalitários, é bem melhor ter nascido aqui em berço esplêndido do que na India, na China, Cuba, Irã. Melhor até que em países desenvolvidos, com seus tiques racistas, idéias segredadoras e que tem o ódio internacional apontado contra si, como os EUA.

Apesar dos pesares, estamos muito bem. Temos liberdade individual coletiva, comida farta (vacas suculentes inclusive) e um jeito de ser que no convívio social condena atitudes racistas. A solidariedade ainda é grande nesse país verde amarelo e um dia, quem sabe em pouco tempo, teremos o fim da fome e do analfabetismo. E isso não tem a ver com esse ou aquele governo, é uma sequencia da nossa cultura nacional.

E, resolvidas as necessidades básicas no país, que sinceramente acredito que vai acontecer, o brasileiro terá um novo desafio a encontrar:

E agora, o que fazer da vida? A barriga tá cheia, o filho na escola, to trabalhando, e agora? Para que objetivos vamos dirigir nosssos esforços?

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Nos encontraremos num lugar onde não há trevas

O título acima é uma citação do livro 1984, de George Orwell, de onde o programa Big Brother tira inspiração não só no nome da atração como também agora do próprio enredo. As cenas de três seres humanos enclausurados num quarto branco se assemelha à tortura do personagem Winston ao se rebelar contra o Grande Irmão, para que se regenere perante ao Estado.

O que vimos na noite de segunda-feira (2.2) foi pura tortura psicológica, um verdadeiro show de horror. Será que um grupo de cientistas, psicólogos ou psiquiatras, ganharia permissão para fazer um teste de laboratório tipo o do quarto branco para medir reações? Certamente seriam apontados como anti-éticos ou nazistas.

A Globo está torturando em rede nacional os participantes do BBB sem escrúpulos, de uma forma delirante, ultrapassando todos os limites da dignidade humana. A OAB, Ministério Público ou os grupos de direitos humanos deveriam intervir para acabar com a tortura na TV.

O Bial parece um sádico Adolf Hitler perguntando os detalhes de como os participantes se sentiram dentro do quarto, não esconde seu entusiasmo com o sofrimento alheio.

Basta, Tortura Sempre Mais não, a Globo tem saudade do tempo da Ditadura Militar? Qual o próximo castigo que será imposto aos participantes?

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Caminhos da Índia não passa por GOA

Sim, se fala português na Índia, e não tem nada a ver com a fictícia novela Caminhos da Índia. Vi no site oficial da Globo que a trama se baseia em cidades como Jaipur, Jodhpur e Mumbai. A autora Glória Perez perdeu a oportunidade de usar como gancho para o enredo o pequeno estado de Goa, voltado para o mar arábico que foi colonizado por portugueses e que até hoje tem descendentes que falam o português e mantêm as tradições lusitanas por lá. Betul e Cape são algumas cidades que pertenceram ao curto império português. Pena que a autora não viu um documentário que passa repetidamente na TV Escola (acho que todo sábado à noite) mostrando os portuga de Goa e de outras partes do mundo (África, Brasil, Portugal e Goa).
Que chance desperdiçada de mostrar que a nossa língua portuguesa também está presente na Índia.

Entendendo Nietzsche em uma frase

- Temos uma alma essencialmente humana, e não podemos fugir disso.
Achei sensacional a frase acima proferida por uma amiga jornalista a respeito do filósofo de nome complicado. Simples e profunda. Não adianta negar o que somos: bons e maus, solidários e destrutivos, felizes e infelizes, egoístas e solidários, dependendo do momento. Não estar ciente da nossa real "configuração" beira à alienação, e o melhor a fazer é aceitarmos o jeito que somos.
Opa, mas isso é perigoso. Se tiver vontade de matar alguém não posso sair por aí satisfazendo o meu espírito humano. Certo. Mas simplesmente sofrer para evitar pensamentos ruins como este não são a única saída, o melhor é deixar a idéia passar sem lhe dar amparo ou ancoragem. Mentalmente já assassinamos porções, mas na realidade a maioria não faz mal a um inseto. Sentimos tesão por toda mulher bonita e sensual que passa na rua, mas não quer dizer que devemos partir para o estupro ou ao assédio como um cão no cio.
Então - e aí Nietzsche é importante - o importante é conhecer tudo aquilo que nos move e, sem culpa, administrar atos e pensamentos pensando em suas consequências.
Não sou grande fã de Nietzsche e apenas li dois dos seus muitos livros: o Anti-Cristo e Assim Falava Zaratrustra. Muita coisa nem mesmo compreendi o que estava lendo. Fiz meu primeiro comentário nesse blog sobre o Assim....., e considero que o autor é muito contraditório - como o espírito humano - em passagens que ele diz que Deus está morto para logo em seguida dizer que só Deus tem a medida exata da maldade.
No segundo livro, é pau na Igreja Católica, sobretudo em relação à piedade e a nossa culpa cristã. Para o tempo em que viveu, N. era o cara, realmente, e abalou as estruturas do pensamento humano. Não foi o único, mas deu o toque. Da minha parte, agradeço.

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Futuro do Ensino A Distância será presencial

O Ensino a Distância parece uma grande vantagem aos alunos, já que estes não precisam ir todo dia - ou noite - a uma sala de aula, depois de um dia cansativo de batente. Basta estudar em casa, fazer as provas presenciais periodicamente, geralmente uma vez por mês, e partir para o abraço.
Mas na prática não é bem assim.

Quem estuda à distância, precisa ser muito disciplinado, ou seja, hora de folga significa hora de estudo. Ou seja, é preciso muita persistência. Afora esse premissa básica, o estudante, geramente de curso superior, precisa contar com um excelente e rápido feedback de professores na hora de esclarecer as muitas dúvidas que possam surgir durante o estudo. E é aqui, que o curso EAD tem uma falha muito grave: a falta de diálogo com os professores.

Estes, sendo bons profissionais, devem responder aos e-mails com as dúvidas. O problema é que não se trata de um diálogo, mas sim de um retorno. No diálogo tete-a-tete, além de dirimir dúvidas acontece outra situação fantástica: a construção de novos conhecimentos, tanto para os alunos quanto para os professores, que podem perceber o universo de questões em aberto em qualquer disciplina.

Por isso, acredito que o futuro será do Ensino a Distância presencial e virtual. Os alunos participarão de aulas onde o professor está "presente" como um holograma, vendo as imagens da turma e dialogando com esta. O diálogo acontecerá talvez do mesmo modo do que no ensino tradicional, o aluno levanta o dedo é é autorizado a questionar pelo mestre. Uma grande turma, em diversas partes do país ou do exterior, estará reunida virtualmente numa versão didático-pedagógica do Second Life.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Sobrevivente da crise (eterna)

Um total de quase 90 mil demissões pelo mundo, na grande indústria, como a Caterpillar, é um indício grave que a crise financeira - aquela da pirâmide financeira - está se alastrando. Para o povo brasileiro, crise não é novidade, aliás tenho a impressão que sempre estamos dentro de uma. Mas o importante a frisar é que o modo de produção capitalista está mudando velozmente, e tal qual a Revolução Industrial na Inglaterra, no século 19, muita gente está sendo desalojada de seus estilo de vida, de seus padrões a que estava-se muito acostumado.
Se no passado agricultores foram forjados operários, muitos na marra, agora acontece algo semelhante.
O emprego agora é um compromisso muito mais complexo do que fazer uma parte do processo produtivo. É preciso conhecer todo o processo, ter autonomia para atuar e muitas parcerias "quentes" para se manter no mercado. Ou seja, vamos sofrer muito ainda, mas a carroça agora anda mais velozmente. Seja o que Deus quiser.

Big bomba Brasil

Impressionante como a velha tradição portuguesa de ficar com a cara na janela cuidando a vida dos outros é mantida atualmente pelo Big Brother Brasil. Não é à toa que a bisbilhotice rende muita grana à Globo, falam em R$ 110 milhões por edição. Gostaria de entender esse assédio televisivo a um grupo de pessoas confinadas como ratos num laboratório de experiências científicas. Aliás, talvez para um profissional em psicologia ou psiquiatria o programa realmente tenha grande validade, com reticências, pois ninguém é tão natural sabendo que está cercado por câmaras de toda parte. Mas para a grande maioria de leigos, não vejo uma explicação decente, a não ser a falta do que fazer ou então num projeção de uma vida frustante onde se tenta compensar vendo o grupo de confinados fazer sexo, intriga, sedição. Alienação dos próprios problemas? Fuga? Procura? Não sei.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

o chato do celular

Que o telefone celular é muito útil, não sou louco de questionar. Porém o aparelho é uma encheção de saco, principalmente para um assessor de imprensa. Ossos do ofício atender ligações de pauteiros e chefes de reportagem, faz parte da profissão. O problema é quando toca no momento mais impróprio. Você fica com o celular no bolso, fica próximo e.....nada. Então você entra no banho, deixa no carro para ir ao dentista e está lá registrado, três o quatro ligações perdidas. E você, sem crédito para retornar. E daí você coloca alguns créditos - credo! - recebe cinco mensagens da operadora falando do total de créditos, torpedos e outros que tais que você tem direito. Um saco.

A Lei de Murphy, com certeza, aplica-se como uma luva ao aparelho celular.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

O governo italiano entrou com uma petição no Supremo Tribunal Federal (STF) para ser ouvido no processo do pedido de liberdade feito pelo ex-ativista Cesare Battisti. Battisti recebeu do ministro da Justiça, Tarso Genro, status de refugiado político, apesar de condenação à prisão perpétua por terrorismo na Itália. O asilo político acarreta no arquivamento do pedido de extradição formulado pelo governo italiano (site TERRA)

Para quem desconhece o histórico do ministro Tarso Genro, ele é advogado e era um dos líderes do PRC (Partido Revolucionário Comunista), que era infilrado no PT e que pregava a revolução marxista armada, fã de carteirinha de outro italiano, Gramsci. Talvez seja do inconsciente da mente do ministro esta fixação em dar guarida a um "igual", mesmo que tenha sido condenado por assassinatos. Tanto empenho para salvaguardar os direitos de um matador (se foi pela causa ou não, pouco importa). Que subsídio pode ter o ministro para tomar essa decisão em nome de um país que sempre rejeitou a violência, tem horror à guerra e ao terrorismo? Será que leu todos os processos que condenam Battisti?
Enquanto isso, temos um brasileiro - irmão do ex-prefeito Celso Daniel - que teve de sair do país porque provavelmente também pegaria o rumo do cemitério, assim como testemunhas do caso.
O Brasil não deve proteger bandidos e entregar à justiça italiana esse canalha, capicci? E levem o Genro para ser seu advogado de defesa.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

o que faltou em AFavorita

Sempre fui noveleiro e acompanhei a novela AFavorita. Foi um das melhores tramas feitas pela Globo no horário nobre (concorre a melhor de todas com o Roque Santeiro, na minha opinião). Mas a história de dois personagens foi um verdadeiro desserviço à população.
O primeiro caso foi do Didu, filho do deputado corrupto Romildo Rosa. O cara passou a metade da novela fazendo fiascos como alcóolatra incontrolável. Pois bem, num passe de mágica o cara se regenerou e não mais bebeu ou se embriagou. Ou seja, o problema se resolveu sozinho, sem AA. Na realidade sabe-se que para se livrar do vício o caminho é longo e exige sacrifícios e abstinência. Deu a impressão que para parar de beber é ridiculamente fácil. Não é verdade.
O outro caso foi do pai da Flora e da Donatela, que era viciado em jogo, e que também se regenerou de uma hora para outra, sem mais apostar até as calças numa roleta. Sabemos também que é outro vício difícil de largar.
Acredito que a Globo não deveria deixar o enredo ter essas lacunas. Tudo bem que é ficção e tudo gira em torno da história principal, mas a TV já foi mais cuidadosa ao abordar temas sociais em seus capítulos.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Falta um Gandhi aos Palestinos

Sempre desconfio das pessoas que, numa história com dois lados, demonizam uma parte ou santificam a outra. É o caso do conflito entre israelenses e palestinos na faixa de Gaza atualmente. Evidentemente que é chocante saber que tantos civis, mulheres e crianças estão morrendo inocentemente e inutilmente.
Mas o fato é que - puro chavão - a violência gera mais violência. A cada foguete lançado pelo Hamas contra Israel, os judeus se enchem de argumentos para atacar os extremistas que, por sua vez, usam da tática covarde de se esconder entre a população civil.

Infelizmente os palestinos não contam com uma lideranção pacifista como foi Gandhi para a libertação da Índia. Quanto mais ódio de um lado, mais violência do outro - não importa qual lado estamos nos referindo.

Já está mais que comprovado que a violência alimentar um verdadeiro espiral do inferno na região. Concilia-te com teu vizinho antes de chegar à cidade, disse certa vez um judeu - Jesus. Ele se deu mal mas a mensagem povoou a Terra com a boa nova.

Por isso, os palestinos não deveriam proteger os terroristas, e Israel deveria pagar uma indenização pelos territórios ocupados com a criação do Estado Israelense. Talvez a força do dinheiro traga a paz, assim como foi com o Kadafi da Lìbia que, depois de explodir um avião comercial, pagou todas as indenizações e retornou à comunidade internacional pela porta da frente. Se houvesse paz, poderia haver um mercado comum na região do Oriente Médio, com progresso e desenvolvimento a boa parte da população local.

Talvez a grana também acabasse com o bloqueio a Cuba, com os socialistas indenizando pelas indústrias e hotéis tomados pela revolução.